domingo, 18 de julho de 2010

Sentinela

Ele está ali parado com seu nada a dizer
O amor que a sentinela sente
Em mente ele tem a lente
De aumentada solidão

Somente em seu confuso olhar...
Ele não me vê com o amor que é próprio dos homens
Que nasceram para amar seus pares como os vasos de barro
Que no aconchego da grama se unem pelo limo verde e marrom

Seu desejo está à prova, está pronto para derrubar
O muro de esponja ou de lona verde de caminhão barrento
Que rápido some no éter
Que cheiro imune posso achar em seus braços de sentinela?
nenhum

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Lembramento

Daí, ele pequeno nos seus 9, me falou do lembramento
Falou da vírgula voadora e de todas as perguntas que o pé-de-pato faz
Daí, o lembramento me faz falta, não sei se por mágoa ou desejo
Sim, temos que lembrar da estrela que ja viveu

O cavalo que nos diz seu sim em sorrisos de tártaro
Do sentido daquela rua que a mulher afogada e verde me conduz
Do lembramento ficou uma folha, que branca na escuridão ri
A caneta não resolve o lembramento, ela so diz do que eu acho que sonhei

Sem lembrança sou vazio
Sem ulterior sentido
Sem singelo sorriso que lambe meu contorno em PB
Só lembramento minha amiga: não vai responder!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

semelhança

Semeando um pouco de sede em cada canto negro
A sala mantem tudo que por ela passou
Tudo que por ela vive ou morre em cada fração de borboleta
Semelhança é o que botamos na ponta da faca e que risca as faces sujas daqueles que fomos

Cinzento é o dia em que a amada se foi
Assim chega armada de Lusos com chumbo e prata
Aqui vieram
Aqui há semelhanças

Palavra que volta cruzada em movimento de buraco negro
Que traga a palavra, a luz e o corpo
Que dorme e não fala, não vê nem sonhou

De fim de semelhanças somos todos cinzentos
De fim de semelhanças somos todos sujos
Só quem viu pode ficar por essas bandas daqui para sempre

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A Loucura dos outros


Loucura que emana, que passa pelos sentidos em toques de sabiá-laranjeira.

Sendo quem sou e sem saber quem sou torno-me possível a tudo.

A todos? A toques? A rasgos na escuridão de sangue e mal cheirosos encontros

Sentir não é saber. Ter não é viver. A vida é só um monte de coisas quentes ou frias que se come com pressa, medo e culpa.

Esperança é tão linda quanto aquele macaco que não vejo.

O sono recolhe os sentidos ao poço da pescaria dos peixes que nunca vimos.

Dizer, tocar, linguar, chorar, sentar, comer...Tudo sem símbolos e sem dono.

Quem é o dono das minhas pernas?

Sentindo frio pinto a porta com o verniz da angústia.