terça-feira, 17 de agosto de 2021

 O Sorriso de Karina


Dormi profundamente

Acordei sem luz

A luz do seu sorriso ficou mais intensa


Perceber não é sentir

O amor é algo que não tocamos

Tocar não é sentir

Sentir vai além da escuta, da visão, da dúvida e

da tela escura


O nó da dúvida se desata com afeto e confiança

Confidencias

Remanescências

Nostalgia


O que não se explica com o sentido

O que não se sente na solidão

O que não se percebe no olhar


Dito pelo poeta portenho:

“Talvez seja essa a real experiencia estética”

Seu sorriso diz isso tudo

segunda-feira, 19 de abril de 2021

 No ponto do desejo


O desejo e suas mazelas na curva do tempo. Me veio essa questão em sonho e me peguei pensando de maneira quase obsessiva na questão do tempo em função do desejo (podendo ser essa função também invertida em um plano cartesiano afetivo).

Um certo equilibrio vem junto com a a velhice mas, me parece que é preciso aceitar uma perda do desejo ou melhor, um redirecionamento deste para outros campos do afeto que vão além do sexo ou da paixão.

Essa mundança, que é relatada aqui por mim e passa longe de qualquer generalização e carece de uma profunda dose de reflexão e um olhar para o passado para entender do que somos feitos no presente. Qual é a nossa substancia afetiva no agora? Do que queremos dar ou não conta? A que demanda estamos dispostos a atender?

O amor toma forma em minhas reflexões e fica cada vez mais possível a existência de muitas possibilidades de amar.

Não há o que fazer em relação a decadência do corpo, porém, há muito o que fazer para tornar nossa capacidade de amar cada vez mais profunda e vasta.

quarta-feira, 14 de abril de 2021

 As escolhas e dos sons

Vivendo a metade da vida

Estive sempre bem perto de um cume

E o cume sempre me disse não!

Este não é meu lugar, mas sempre me trouxe para o Norte

Já não me sinto tão pesado e já não vejo o coração de chumbo

Entendo um pouco mais que a viagem é mais rica e menos triste

Sinto pouca falta do que sonhei, pensei, esperei e lamentei

Nas ondas de sons que me atravessam, vejo o limite do que é som ou cheiro

No céu vejo aquelas letras que voam e que formam sentidos que me fazem rir

E calado, sigo e corto o momento com a lâmina radiante de amor


Poema para os 20 anos do João 

O filho menor

Hoje é o “mais grande”

Cheio de ideias,

Cheio de escolhas,

Energia que flui em palavras e sentidos,

As vezes torto, as vezes reto,

Segue curioso, e valente,

Segue dizendo, sempre com luz,

Muita energia que se traduz em força, em uma verdadeira chama,

Engole a vida, e a passos largos busca o futuro,

De fora o que vejo é um gigante abraçando a vida,

Intenso,

Violento,

Sempre firme no seu lembramento

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Imprecisão


A primeira vista o que vemos nos outros são só luz refletida, entretanto, fazemos muitas importantes operações para que esse estímulo faça algum sentido. Tento expressar aqui a dificuldade que temos de não formar gosto a partir da forma.
Esse exercício de descolamento do significante (imagem apresentada) do significado pode determinar a libertação total das prisões as quais nos submetemos exatamente por usarmos nossa capacidade de dar sentido e desdobrar esse sentido para o gosto, julgamento moral, julgamento estético, crítica, e idéias pré concebidas...
Mas que essa senhora tem uma cara de bruxa ela tem!!!!!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Estética



A beleza do movimento e da memória corporal.
A certeza do equilíbrio.
A mágica medida das sucessões de movimentos.
A estética e a paixão pela prática, constante e diária
Suor, tombos, decepção, dor...

A coragem de dar sentido a um mundo solitário.
A escolha do atleta que segue em busca da perfeição, mesmo sem saber muito bem o que isso quer dizer.

Esse é o mundo de quem produz arte com o próprio corpo.
A recompensa está aí. Ela se traduz em belas imagens.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Encontrando


Ele pegou o café no balcão e foi procurar uma mesa. Lugar cheio. Pessoas difusas, apressadas, carentes, ansiosas. Um cara gordo e barbudo levanta e deixa um lugar vago. Ela como uma felina pula para o lugar enquanto ele, atrapalhado por um coluna, dá dois passos e não chega há tempo.

Ele delicadamente pede para compartilhar o lugar. Ela aceita relutante. Os dois se julgam, se medem, tentam achar um ponto de contato e aparentemente encontram afinidades e trocam por alguns minutos impressões e imprecisões. Ele vai embora e ela continua a pensar nos seus afazeres artísticos.
Ele se chama Nilo e ela Nele. Ele trabalha com tudo e ela é uma artista.