sexta-feira, 27 de março de 2009

O que importa é a Grana

Sempre pensei que bailarinas dançassem

Sempre achei que elas eram de borracha

Macias, flutuantes, dispersas, imponderáveis...

Bailarinas dançam, é verdade, mas há um encanto naquela bailarina ali

Ela sofre e transpira,

Ela é uma fada em pele de bruxa

Ela é real

Ela é má

Ela é única

Constante e inconstante... Incontrolável, Intolerável, afável, doce...

A bailarina do meu sonho me pertence há muito tempo

Ela não me escapa

Um fio nos conduz um ao outro sempre

Nada místico,

Nada poético,

Nada humano,

Esse fio chama-se amor

quinta-feira, 12 de março de 2009

Estética do puteiro


Dava um artigo acadêmico pedante sobre a profissão mas nobre do mundo (substitui o axioma “mais antiga do mundo” por puro deboche). A livia me empurrou para a zona. Encontrei uma puta chamada Clarinha, que era do tipo mau humorada. Aquele tipo puta arrependida, que diz: “estou aqui por pura necessidade e logo caio fora”. Detesto essa desculpa recorrente e ao mesmo tempo não gosto de puta feliz. Aquele tipo simpática que apesar do em torno, pois estou falando de puteiro pobre, “ta curtindo” o lance de se prostituir. Gosto de puta deprimida, de paredes vermelhas, de cheiro de desinfetante barato, de cama de alvenaria e de toalha que não enxuga. Zona tem que ter esse peso e combina com cocaína, cerveja junto com cachaça e mulheres com seus corpos fora de forma com cicatrizes de cesarianas.

Espaço pra sofrer (ilha Solidão & Mazelas)


Era uma vez uma menina rica, bonita, inteligente e triste...

Ela se isolou em uma ilha longinqua que se chamava Solidão.
Ela era feliz na sua ilha Solidão, pois lá ela tinha espaço pra sofrer.
Ela viveu sofrendo em sua ilha até que um homem em seu paraquedas de bolas de encher caiu por acidente na ilha Solidão.
Esse homem não se lembrava de onde vinha, mas ao conhecer a menina se encantou e se enterneceu com sua tristeza. Ele tentou contato com a menina por varias vezes mas ela se escondia na mata ao menor movimento do homem.

Ele a observava em sua profunda tristeza e assim ia ficando cada vez mais ligado a menina apesar da falta de contato.

Um dia após muitos anos a menina deixou o homem se aproximar e disse: "Pergunte o que quiser, mas eu só responderei a uma única pergunta"
Então o homem pensou por alguns minutos e perguntou: "O que você mais precisa e não tem ainda?"

A menina respondeu sem titubiar: "Eu quero espaço pra sofrer" deu uma pequena pausa e completou: "Você está me atrapalhando".

O homem caminhou em direção ao mar e mergulhou e nadou até sumir de vista.

Caverna 1967

Este Blog se inicia com uma homenagem ao mito da caverna de Platão.

Imaginemos um muro bem alto separando o mundo externo e uma caverna. Na caverna existe uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No interior da caverna permanecem seres humanos, que nasceram e cresceram ali.
Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder locomover-se, forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, onde são projetadas sombras de outros homens que, além do muro, mantêm acesa uma fogueira.
Os prisioneiros julgam que essas sombras sejam a realidade.
Um dos prisioneiros decide abandonar essa condição e fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. Aos poucos vai se movendo e avança na direção do muro e o escala, com dificuldade enfrenta os obstáculos que encontra e sai da caverna, descobrindo não apenas que as sombras eram feitas por homens como eles, e mais além todo o mundo e a natureza.